Instituto Pensar - ?Beija-mão?: André Mendonça busca apoio no Senado para vaga no STF

?Beija-mão?: André Mendonça busca apoio no Senado para vaga no STF

por: Mariane Del Rei 


André Mendonça tem se reunido com senadores para garantir sua vaga no STF. Foto: Pablo Jacob

O advogado-geral da União, André Mendonça, "terrivelmente evangélico? e apontado como favorito do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), tem feito um esforço para driblar as objeções ao seu nome no Senado.

Para assumir a vaga na Suprema Corte, o Senado precisa aprovar a indicação dele. Mendonça tem feito um verdadeiro périplo de "beija-mão?e já se reuniu com 40 dos 81 senadores. Nesta terça-feira (22), o AGU deverá ter um encontro com o grupo "Vanguarda?, formado por DEM, PL e PSC, que agrega 11 parlamentares.

Sem traquejo político, o servidor de carreira tem no currículo um doutorado em combate à corrupção e enfrenta resistência por parte das duas maiores bancadas do Senado: o MDB, com 15 parlamentares, e o PSD, com 11 integrantes. Até mesmo aliados do governo, como o ex-presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP), não têm Mendonça como opção preferencial.

A aprovação do advogado-geral da União para o Supremo depende do aval de ao menos 41 senadores, em votação secreta. Entre os membros da Casa com quem ele já se reuniu estão integrantes de siglas como PL, PSDB, DEM, PP e Podemos, mas nem todos saíram convencidos. Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O globo, ele foi à sede do PL há duas semanas para uma conversa com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que foi preso no escândalo do mensalão.

Mendonça tenta se viabilizar como candidato à Corte no lugar do ministro Marco Aurélio, que se aposenta no dia 12 de julho, quando completa 75 anos de idade.

Resistência à Mendonça no MDB e no PSD

Interlocutores do advogado-geral da União minimizam a resistência e dizem que a recepção tem sido positiva no Senado após as conversas iniciais. Na visão de pessoas próximas a Mendonça, Alcolumbre é quem apresenta a maior resistência à candidatura no momento. De acordo com relatos, o senador não recebeu Mendonça, o que evidenciou o desconforto entre eles.

No PSD, Mendonça foi recebido apenas por parte da bancada. A outra ala do partido se recusou a conversar com o postulante ao STF. A avaliação desses senadores, ouvidos em caráter reservado pelo jornal O Globo, é que o atual advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro nunca procurou diálogo com o Senado e só agora, quando há interesse pela vaga no STF, é que tenta uma aproximação.

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Há também no PSD os que ainda não foram procurados por Mendonça, como Ângelo Coronel (PSD-BA). "Pelo que eu saiba, não existe qualquer relação do Mendonça com a bancada do PSD?, disse o senador.

Até o momento, Mendonça não se encontrou com caciques do MDB, que não escondem a preferência por outros candidatos. Para integrantes do maior partido do Senado, outros nomes teriam uma aceitação mais ampla na Casa como, por exemplo, Jorge Oliveira, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e Augusto Aras, procurador-geral da República. Os dois, porém, estão em desvantagem em relação ao advogado-geral da União, que não só é evangélico como também é pastor, principais requisitos estabelecidos por Bolsonaro para indicar o próximo candidato ao STF.

Bancada evangélica

Na sexta-feira passada, Mendonça viajou para o Pará junto com Bolsonaro e uma comitiva integrada por membros da bancada evangélica na Câmara, mas com apenas um senador. O presidente participou de um culto em Belém em homenagem aos 110 anos da igreja Assembleia de Deus. Durante a cerimônia, Bolsonaro discursou:

"Fiz um compromisso há quatro anos com os evangélicos do Brasil. Nós indicaremos um evangélico para que o Senado aceite o seu nome e encaminhe para o Supremo Tribunal Federal, um irmão nosso em Cristo?.
Jair Bolsonaro

Parlamentares lembram, porém, que o Senado, diferentemente da Câmara, não possui bancada evangélica. Além disso, senadores de diferentes correntes ficaram insatisfeitos com a postura de Mendonça no comando do Ministério da Justiça, que usou a Lei de Segurança Nacional (LSN) contra críticos do governo. Além disso, a lealdade ao presidente também é motivo de receio.

Para o vice-líder do governo, Marcos Rogério (DEM-RO), o fato de Bolsonaro indicar um evangélico ao STF é visto com ressalva por parte do Senado.

"Não vejo resistência ao nome do André Mendonça. O que percebo é que existem muitos parlamentares com preferências pessoais (por outros nomes)?.
Marcos Rogério

Com informações do jornal O Globo



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